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RUGIDOS E GRUNHIDOS - TRUSTFALL: P!NK FAZ RETORNO HONESTO E LIMITADO POR REPETIÇÕES

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É isso aí, meu povo. P!nk está de volta com seu 9º (MAS JÁ?) álbum de estúdio! O primeiro desde "Hurts 2B Human", de 2019.


Acompanho o trabalho da P!nk desde 2010, com o lançamento da coletânea de hits "Greatest Hits...So Far!!!", um álbum que recebeu certificado de ouro no Brasil, e numa menção pessoal, foi o álbum que comprei na primeira visita à galeria do rock (bons tempos). Em 2012, ela lançaria meu álbum (ainda) favorito da discografia: The Truth About Love, um álbum pop excelente cheio de letras ácidas e divertidas, P!nk em sua melhor qualidade. Esse álbum ganhou certificado de platina (!!) no Brasil, e parte dessa venda gigantesca foi a minha edição que está na minha coleção. De nada, P!nk.


Sempre tenho o olhar para a P!nk de uma artista fora da caixinha, sempre muito dedicada a oferecer uma experiência, um espetáculo, a quem vai assistir seus shows cheios de qualidades. Tem pirotecnia, danças no ar, malabarismo, um verdadeiro circo (no bom sentido), e claro, muita potência vocal! Quando surgiu em meados dos anos 2000 como parte da onda de cantoras pop dançarinas, P!nk foi encontrando seu lugar como cantora pop/rock com ares muito mais rebeldes do que suas concorrentes. E deu certo! 2023 e ela ainda está aqui para contar história, mesmo tendo uma discografia que oscile bastante.


Eis que chegamos em fevereiro de 2023, com o lançamento do aguardado "TRUSTFALL". Ao contrário dos dois últimos álbuns, "Beautiful Trauma" e "Hurts 2B Human", é um alívio ver P!nk finalmente deixando um pouco o apelo comercial e trazendo mais seu lado honesto e transparente para a música, que fazia bastante falta. Ficava claro nos anteriores a necessidade de fazer "pop moderno", que pode ser traduzido como: pouca letra, muita batida e sons repetidos nas faixas.


"TRUSTFALL" não é um álbum dançante. Talvez seja o álbum mais reflexivo de P!nk, trazendo temas sensíveis, como a morte de seu pai e a tentativa de tomar forças para levar a vida. Uma hipótese disso pode ser o momento pós pandemia e de como estamos lidando com as consequências de tudo que aconteceu.


A canção WHEN I GET THERE já abre o álbum trazendo o tom que vai percorrer o restante: muitos arranjos com piano e violão, e uma sensação melancólica. Isso se repete em outros momentos, de formas diferentes, mas seguindo o mesmo padrão. Por seu tom intimista e sincero, acabou se tornando uma das minhas favoritas, assim como a última, incrível, JUST SAY I'M SORRY, parceria com o brilhante Chris Stapleton.


A melancolia procedem nas outras duas ótimas parcerias, que caíram como uma luva, e que podemos ouvir em LONG WAY TO GO e KIDS IN LOVE, a primeira com um ar quase experimental, mas que acerta em cheio nos graves alternativos.


Um tom frequente no álbum também foram faixas com referências de sintetizadores e batidas a la anos 80/70, e é claro que isso é delicioso! Podemos ver esses tons em TRUSTFALL, TURBULENCE, RUNAWAY, e claro, no poderoso primeiro single, NEVER GONNA NOT DANCE AGAIN que, junto com HATE ME, são as duas únicas canções mais enérgicas do álbum todo. HATE ME, inclusive, tem um ótimo potencial para um futuro single, mesmo com a estratégia.. não tão inteligente de colocar TRUSTFALL como segundo single. Mas.. a única feliz é realmente o primeiro single. NEVER GONNA NOT DANCE AGAIN é uma canção muito bem produzida, com um ar alegre e divertido que há tempos não via nas músicas de P!nk, celebrando a vida e de como não podemos esquecer dessa celebração, principalmente em comemoração a estarmos no aqui e agora.


O que torna "TRUSTFALL" um álbum imperfeito é a repetição de temas, já que tanta melancolia não causa contraste. A parte final do álbum pode ser bem cansativa. A questão não é manter a melancolia, mas falar sempre dos mesmos temas. Sinto falta da diversidade e do tom crítico, quase político, que P!nk sempre adotou. É um álbum muito pessoal, e sempre temos os dois lados quando isso acontece.


Acredito que a própria cantora definiu bem seu novo álbum quando questionada sobre ele em 2021, dizendo que não tinha certeza se era tão contemporâneo, mas que seria muito honesto. De fato. "TRUSTFALL" é um retorno a uma P!nk infinitamente mais franca do que vimos desde 2014, mas bem distante de demonstrar todo o seu potencial como compositora e cantora. Vale a pena conferir, e sentir os tons agridoces de um álbum que busca a esperança de novos dias, mesmo que relembrando suas dores.


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1 Comment


andre_peba
Mar 01, 2023

Sempre gostei muito da P!nk. Foi durante um tempo a mulher mais bonita possível do mundo pra mim. Depois descobri que não era a beleza estética que me seduzia e sim a potência expressiva da voz e dos questionamentos. Vou procurar por esses sons novos, tô bem por fora ultimamente. Valew aí pelo post.

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