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RUGIDOS E GRUNHIDOS: O RENASCIMENTO DE BEYONCÉ

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É com muito orgulho que inauguro mais uma categoria do blog, onde avaliaremos o cenário musical passado e atual, transitando entre gêneros e deixando as melhores recomendações dos rugidos e grunhidos do mundo transformador e volátil da MÚSICA!


Abrindo a categoria com chave de ouro, falaremos do mais recente lançamento de Beyoncé: ACT 1 - RENAISSANCE, o primeiro álbum de uma trilogia de atos ainda sem previsão anunciada. Lançado em 29/07, é o retorno musical de Beyoncé desde 2016 com o raivoso e icônico LEMONADE, mas também desde 2019 com a trilha sonora conceitual The Lion King: The Gift.


Beyoncé marcou uma crescente em seus álbuns solo, tendo agradado em muito à crítica e fan base com LEMONADE, sendo inevitável uma grande expectativa com o novo trabalho que, como os anteriores, teve a misteriosa produção não comentada, com a única diferença de ter o primeiro single liberado pouco mais de 1 mês antes do álbum, que logo teve a data anunciada. Por enquanto, no presente momento, não temos videoclipe ou qualquer pista dos próximos passos, mas podemos falar do que temos: uma grandiosidade musical no marco pop de 2022.


ACT 1 - RENAISSANCE é uma homenagem modernizada aos grandes artistas negros da Disco Music, mas é um pouco mais: é Beyoncé livre, segura, festiva e muito sexy.


Não ficarei preso em terminologias, disco, house, ballroom e mais um monte de nomes, mas sim, aqui temos muuuuitas referências de pessoas fundamentais no mundo da música, assim como pessoas de peso na produção. Na lista de personalidades que influenciaram com samples ou produção podemos incluir Donna Summer, Nile Rodgers, James Brown, Giorgio Moroder, Kelis(essa ficou bem brava), Grace Jones, Big Freedia e Pharell Williams.


A primeira faixa, "I'M THAT GIRL" já avisa: "That's how I ball!". Estamos entrando num álbum de celebração, e esse é só um aquecimento pra essa festa de autoapreciação e amor próprio. Faixas como COZY, CUFF IT, ENERGY e BREAK MY SOUL trazem essa Beyoncé super divertida e o verdadeiro tom de renascimento, já diziam as frases em "BREAK MY SOUL", "...Looking for something that lives inside me" e em "COZY", "...Kiss my scars because I love what they made". Uma Beyoncé dolorida de LEMONADE está chegando pra amar sua própria história.


CATEGORY: BAD B*TCH. Não só de autoestima é feita a vida, mas aqui a pista de dança também é cheia de orgulho e competição, como alarmado vorazmente em MOVE, "...We're coming straight out the jungle". Incorporando inúmeros traços da ballroom dos anos 60, onde a comunidade de drag queens organizava seus bailes hiper competitivos em forma de concursos, a artista traz uma coleção do que serão com certeza futuros hinos de batalha, como em ALIEN SUPERSTAR, MOVE, HEATED e PURE/HONEY. O batidão de cabelo é certo, e sem um pingo de clichê. As letras são ousadas, as batidas são fortes e a produção é redonda.


Ainda temos o contraste de romance e muita sexualidade. PLASTIC OFF THE SOFA é a única quase serenata do álbum, onde com baixo e guitarra deliciosos somos conduzidos a um derretimento do coração. "...I love the little things that make you, you", canta uma sincera Beyoncé. Em compensação, CHURCH GIRL E THIQUE estão facilmente entre as duas canções mais sexualmente pesadas da carreira da cantora, e isso é feito com muita maestria. Não existe opção a não ser se render a uma produção lotada de camadas sonoras, e pra quem não gostou, ela avisa em CHURCH GIRL, "...Nobody can judge me but me, I was born free".


Não menos importantes ou menos incríveis por isso, mas foi difícil definir ALL UP IN YOUR MIND e AMERICA HAS A PROBLEM. Enquanto a primeira é lotada de desejo, talvez a segunda seja a mais experimental do álbum. Vale a pena ouvir com atenção.


Diferente disso estão as icônicas VIRGO'S GROOVE, minha predileta do álbum, e SUMMER REINASSANCE, que conta com o sampler da histórica "I Feel Love", de Donna Summer e Giorgio Moroder. A primeira encaixa um transe perfeito com linhas faladas, vocais entrelaçados e muito clima disco apaixonado e dançante, "...I need more you on me and me on you", enquanto a segunda fecha o álbum com a grandiosade merecida. É inevitável uma lembrança de "Confessions on A Dance Floor" da Madonna, mas nada melhor do que lembrar de uma rainha para a conclusão, mesmo que como diga na letra, deixe o gosto de quero mais, "...the more I want it, the more I need it".


Beyoncé retorna com um álbum para adultos. Conforme aprendeu ao longo do tempo pelos lançamentos de BEYONCÉ e LEMONADE, referências de grandes ícones da música sempre são uma excelente aposta, mas aqui a entrega é maior, pois em canções nada previsíveis e com a quebra constante do que consideramos o padrão refrão/estrofe, Beyoncé repagina o que já era ótimo e traz uma produção detalhista. O resultado é um deleite, fruto do tempo de confinamento em pandemia, onde o mundo pop vê que não existe mais dúvida do poder de Beyoncé e de sua própria influência no futuro de muitos outros artistas. É ousado afirmar que é seu trabalho mais consistente, mas sem dúvidas é memorável.


Se os artistas têm medo dos lançamentos da Adele, melhor reverem isso.. deveriam ter MUITO medo da Beyoncé.





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