Taylor Swift, o amuleto do corinthians, está de volta. Assim como não deu a vitória para o time no jogo próximo ao seu lançamento, o álbum novo, apesar das conquistas em números, também não foi um golaço.
"Álbuns conceituais" e "álbuns visuais" são termos que sempre geram muita expectativa, e com "Midnights" não poderia ser diferente. Não houve lançamento de singles antes do álbum, e bem próximo do dia descobrimos que esse seria um álbum visual. A façanha desse tipo de estratégia está no efeito surpresa de apresentar todas as canções já com videoclipes, com a possibilidade de carregar conceitos que trazem uma interpretação mais completa das canções, não apenas o que escutamos em álbum. Ótimos exemplos estão em "Beyoncé" de 2014 e "Lemonade" de 2016, ambos feitos com excelência por Beyoncé. Aqui.. isso não acontece. Os clipes não foram lançados, e estão vindo intercalados. Nesse momento, somente 2 foram lançados. Aguardaria o lançamento de todos antes da crítica, mas pelo andar da estratégia.. não tem muito conceito para alterar o resultado dessas canções.
Midnights é um álbum morno demais para quem viu o potencial de Taylor no, premiado com o Grammy de melhor álbum em 2021, Folklore, e no seu sucessor, Evermore. Pra quem espera por algo inovador, pode esquecer. O álbum é como uma fusão da antiga Taylor pop com sons e batidas a la Lorde e Billie Eilish. O "pop alternativo" aqui nada mais é do que reciclagem das atualidades.
Por mais que a cantora e compositora tenha afirmado que não tenha utilizado músicas descartadas de álbuns anteriores, algumas comparações são inevitáveis. "Vigilante Shit", por exemplo, cabe perfeitamente como descartada do álbum Reputation, assim como "Karma".
Em Midnights, Taylor é a mesma Taylor de anos atrás, voltando a compor sobre romance ou vinganças imaturas. Algumas canções chegam a ser enfadonhas, como "Vigilante Shit" e "Bejeweled", canção de vilã e princesa, respectivamente. Isso oferece um tom muito bobo ao álbum, abandonando qualquer sombra de maturidade visto na crescente anterior dos lançamentos da discografia. Não há destaque instrumental, poético, é só venda.
A canção "Snow on The Beach", especialmente, era muito aguardada devido à participação de Lana Del Rey. Engana-se quem acha que foi bem aproveitada. Sim, é uma canção bonita, mas utilizando Lana apenas como uma segunda voz, esnobando seu potencial. Parceria jogada fora.
Nenhuma outra canção possui um teor memorável, com exceção de "Anti-Hero", onde unicamente Taylor reconhece o lado impostor que a todos assola em algum momento da vida. Canta sobre seus medos, culpa e expectativas dos outros. As canções são tão mornas que nem sobra vontade de escutar as 7 (sim, SETE) faixas bônus.
Sempre torço pelo melhor quando vejo lançamentos. Taylor sempre apresentou uma evolução a cada álbum lançado, onde pude acompanhar mais de perto desde Red, em 2012. 10 anos depois, dói ver o lançamento de um álbum que está inferior ao primeiro que me atraiu aos seus trabalhos. Canções espertas como "The Man", "You Need To Calm Down" e "Delicate", lançadas nos álbuns Lover e Reputation, respectivamente, fazem muita falta. Ou até mesmo qualquer uma das belíssimas canções românticas feitas nos excelentes Folkore e Evermore. Midnights não tem gosto de nada, é chato. É como um deja vu de outras várias declarações pessoais vistas em álbuns anteriores.
É difícil pensar que Taylor tenha escorregado, e mais fácil supor que ela sabe que seu público fiel engole qualquer coisa e ainda agradece. Uma nova turnê que homenageará suas "eras" já foi anunciada. Se Taylor não foi ingênua o bastante para perceber a fraqueza do álbum, foi no mínimo pretensiosa.
As obras da carreira de um artista geram mais expectativa ao longo de seus lançamentos, é impossível evitar. Taylor Swift já mostrou que sabe fazer canções de alta qualidade e teor poético, mas de forma proposital ou não, não faz isso em Midnights. Por outro lado, o álbum já alcançou números absurdos em vendas e até em notas da crítica internacional. A teoria de que Taylor está entregando o que os fãs querem é muito mais factível do que um erro não proposital. Sua maior rejeição da carreira ocorreu com Reputation e Lover, álbuns com o mínimo de posicionamento e argumentos, o que falta totalmente por aqui. Para a manutenção da carreira, não arriscar é sempre válido para garantir a submissão dos fanáticos, mas não a faz memorável. Falta maturidade, emoção e vontade, só restam grunhidos.
Tecnicamente o time não perdeu no tempo normal, mas nós pênaltis foi abaixo igual o álbum