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LUZ, CÂMERA, OSSOS - THOR: AMOR E TROVÃO, DEBOCHE E DESGRAÇAS

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Thor: Amor e Trovão utiliza a técnica Waititi para suavizar as lamentações da vida.

É bem raro eu me conectar com algum filme dos estúdios Marvel, mas aqui Taika Waititi conseguiu me prender assim como em Ragnarok. Pra mim, a única forma de gostar das fórmulas atuais da Marvel é fazer algo que esse diretor faz muito bem: não levar os heróis a sério.

Com relação ao criticado enredo, acredito que algumas coisas devem ser consideradas. Thor é um personagem que perdeu tudo, inclusive seu planeta. Como um deus tão poderoso se sente quando não conseguiu salvar ninguém que amava? E além disso a história apresenta Gorr, um vilão brilhantemente interpretado por Christian Bale, que reforça essa premissa ao desacreditar de qualquer pingo de bondade restante nesses deuses.

É o filme mais trash e escrachado da Marvel, justamente por ferir o ego dos fãs ao mostrar os personagens como eles são: seres frágeis utilizando capas. O clima oitentista vale até pra colocar várias crianças em batalha ao som de Guns N Roses. Mas.. as cores e todas as piadas sem graça não vem sem motivo, o filme tem núcleos bem pesados e tristes, mesmo para personagens que acabamos de conhecer.

Com relação aos personagens "novos" ou não tão novos assim, Jane Foster retorna deixando o gosto de quero mais, mas também trazendo alguns dos melhores momentos de ação e emoção. Gorr é um símbolo da falta de esperança, mas é pouco explorado. O "ceifador de deuses" acaba nem matando tantos deuses assim. Os Guardiões da Galáxia, meu grupo favorito na Marvel, fazem uma ponta rápida demais para seu peso. A abstinência de James Gunn com seu grupo de malucos faz muita falta.

Com relação aos detalhes técnicos, o filme tem ambientes lindíssimos, técnicas de gravação em 360º com telões e uma infinidade de raças alienígenas nas telas, Russell Crowe é um exemplo de alien/deus com sua versão divertida de Zeus. Como o restante dos filmes da Marvel, não dá pra esperar um espetáculo de atuação, mas Christian Bale realmente marca presença. Os efeitos especiais são bacanas, mas existem algumas derrapadas bem feias (como um certo contato telepático que parece efeito de série dos anos 90). Por outro lado, outras cenas são deslumbrantes, como a batalha em um planeta minúsculo com tudo em câmera lenta.

Não, o filme não é um show de comédia. Seu humor é totalmente escrachado e ligado ao besteirol. A sensação que fica ao final é agridoce, com cenas lindas e coloridas de batalha unidas aos solos de guitarra de Slash, mas também com despedidas dolorosas. Um filme injustamente julgado, mal compreendido, principalmente por caçoar dos deuses. Aqui a arrogância tão amada de outros filmes do gênero dá espaço ao ridículo, e brilha à sua forma. Ousado, Amor e Trovão une o besteirol às desgraças. Segue a fórmula utilizada por Waititi em outros dos seus filmes e, talvez, um padrão universal: o melhor remédio para o drama é caçoar dele. Um bom filme!


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