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LUZ, CÂMERA, OSSOS - HOMEM-ARANHA ATRAVÉS DO ARANHAVERSO, VISUAL, EMOCIONAL E.. COMERCIAL

blogfossilretro

Atualizado: 9 de jun. de 2023


Em 2018, Homem-Aranha no Aranhaverso trouxe um frescor muito bem vindo aos filmes de super herói, principalmente na saturada competição entre Marvel e DC para fazerem o filme mais bobo com personagens arrogantes. Com visual de cair o queixo e liberdade artística, o filme explorou as possibilidades dentro da história de Miles Morales, e também trouxe para tela outras versões do super-herói tão amado. O impacto na indústria foi notável, tanto pela exploração do multiverso por outros filmes que vieram depois, quanto pelo visual das animações impactadas pelo seus híbridos 3D/2D executados com perfeição. E além disso tudo, uma mensagem lindíssima sobre heroísmo.


E com essa reputação e missão difícil de carregar, uma sequência foi lançada. Homem-Aranha: Através do Aranhaverso chega em 2023 para expandir os conceitos do primeiro longa e dar continuidade numa história sobre evolução e destino.


No ângulo do design e a arte do filme, não tem nem o que comentar. Tudo é equilibrado ou desequilibrado conforme a história pede e conforme vamos conhecendo os personagens. Cada um deles tem uma tonalidade, textura, e meios de interpretar o seu mundo de modo visual. A ousadia do primeiro longa é estendida nesse sentido de preservar a liberdade artística. Em vários momentos, é como se estivéssemos dentro de uma HQ.


E dentro dessa ousadia, também temos diversas versões do teioso aparecendo juntas, assim como de seus inimigos. Muito bacana as inúmeras referências e aparições surpresa, mas esse filme tem mais fan service que o anterior. Várias partes são pro público reconhecer sua versão favorita em tela, mas também temos visões de outros mundos do aranha, o que é muito divertido.


A história é bem interessante, mas confesso que são poucos momentos para muito tempo de filme. As mais de 2h de filme não são justificadas, tem bastante gordura, mas é inegável que é agradável de assistir. O ritmo também oscila bastante, com alguns momentos bem vagarosos e outros de ação. Por outro lado, a dinâmica entre os personagens é muito bacana e ocorre de maneira orgânica. Se o filme se estende mais em alguns momentos, é justamente para aprofundar seus personagens e sentirmos mais forte o impacto das suas ações.


Falando em personagens, temos pontos interessantes falando dos antagonistas. Temos "vilões" declarados, um deles que é a cara dos vilões exagerados e sem um pingo de seriedade dos anos 60, que percorre o filme inteiro e não tem um rumo bem definido. Mas os melhores antagonistas no filme estão em personagens que não necessariamente são inimigos, mas que vão conflitar em muito com as escolhas de Miles. Homem-Aranha 2099 é o mais interessante deles e o que causa maior influência no "clã" de personagens do multiverso. Temos também os que estão no meio do caminho, como o meu favorito, Spider-Punk. Que personagem f0d@!


O roteiro é claramente focado nas emoções dos personagens e de como vão responder aos conflitos e pressões das suas decisões, desde o início, e esse é o grande ponto positivo dessa sequência. Não adianta a arte ser linda e a história ser péssima, e justamente há profundidade, cuidado e muito respeito com cada um deles. Existe um destaque enorme para Gwen, que mesmo tendo grande parte de sua aparição como uma "prequela" na história principal, ainda assim é marcante.


E falando em emoção, não dá pra não falar do final que foi tão emocional no filme quanto na minha sessão, onde vi pessoas extremamente furiosas. Eu não critico histórias sem final, pois acho que nem sempre um final é necessário. Citando um dos mais criticados por isso, o diretor Christopher Nolan adora fazer um filme com final misterioso e sem amarrar todas as pontas. Ex: A Origem. Não vejo problema algum. O filme não ter um "fim" definido para os seus personagens é como a vida, onde encerramos fases mas não necessariamente temos um fim. Apesar disso, o final de Homem-Aranha Através do Aranhaverso, além de deixar pontas soltas, é comercialmente apelativo. Seguindo a linha Marvel, o filme não deixa muitas dúvidas, mas é o final de um episódio de novela mexicana. Termina com uma ferida aberta, e já clama para a vinda para um próximo longa.


Num todo, dá pra ver que esse longa recebeu muito mais atenção e verba do estúdio se comparado com o anterior, e também com certeza teve dedinho dos estúdios Marvel nesse resultado final: tinha que ser uma trilogia, obrigatoriamente. Ou seja, o grande fan service durante o filme e o final apelativo são muito provavelmente resultado dos engravatados que injetam a grana esperando já o retorno estrondoso do público no próximo longa.


Estratégias capitalistas a parte, o longa reúne atos excelentes, mas seu final comprova que gordura entremeada na história só veio pra encher linguiça mesmo. Um final apelativo é a prova de que a história foi "estendida" o suficiente pra que um próximo filme fosse bem-vindo. E é nisso que reside o maior defeito dessa sequência.


Apesar da influência do "business" sobre o filme, a virada do final é inegável em sua excelência. Muito bem orquestrada, cai como uma luva e me trouxe uma sensação de surpresa que eu não sentia desde um ato similar em "Cavaleiro das Trevas". Ou seja, ainda assim estou bem ansioso pra saber como vão lidar nessa sequência de terceiro longa que já é uma certeza.


Costumo pensar que quanto mais ambicioso o filme, maior a chance de ele perder créditos e ficar horrível. O novo longa com Miles Morales está bem longe de ser horrível, é uma animação belíssima e lotada de momentos excelentes, sem dúvida. Mas não se faz filme só com beleza. As comparações com seu antecessor são inevitáveis, principalmente depois de um resultado perfeito. Homem-Aranha no Aranhaverso tem tudo que um grande filme de super-herói precisa ter, e muito mais por arriscar um novo estilo e ter influenciado vários longas posteriores. Homem-Aranha Através do Aranhaverso é uma grande homenagem ao universo e história do teioso, com uma história sobre crescimento e controle sobre o destino que (mesmo com os pesares) é muito inteligente e ousada para o que estamos recebendo hoje das histórias de heróis, mas foi claramente infectada pelos interesses econômicos do estúdio. Isso é ruim? É uma questão aberta a discussão. Pra Sony é um banquete.


Vale a pena assistir? Veja no cinema na tela de maior qualidade que puder, vale SUPER a pena. Vá disposto, porque tem partes paradas e você pode ficar com sono. No demais, aproveite essa grande aventura e, acima de tudo, deixe a mente aberta!




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