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LUZ, CÂMERA, OSSOS - INDIANA JONES E THE FLASH: O QUE OS NOVATOS NAS TELONAS TÊM EM COMUM?

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The Flash e Indiana Jones. Difícil pensar no que essas duas figuras icônicas tem em comum, e realmente não é muito. Porém, os dois tiveram filmes recentemente lançados nos cinemas e a qualidade está bem próxima, de maneiras diferentes. Vamos falar sobre essas duas grandes promessas e se elas cumpriram o que prometeram.


Os filmes de super heróis vieram, balançaram a indústria do cinema com força, e agora estão mais fracos do que nunca. Nem DC nem Marvel tem conseguido marcas notáveis em bilheteria, salvo aqueles com padrões diferenciados, como Homem-Aranha: Através do Aranhaverso, que não pertence aos estúdios do MCU. O público, tardiamente, se cansou da velha fórmula "Marvel" de ser que influenciou os filmes de heróis nos últimos anos, e parece estar mostrando isso consumindo menos do que a grande indústria esperava. Flash tem mostrado essas marcas de fracasso, ainda mais vindo de uma tentativa falha da DC em estabelecer uma saga no cinema ao mesmo nível das produções de maior sucesso da Marvel. Resolvi dar uma chance, né?


O que posso dizer sobre Flash é que ele é melhor do que eu esperava, surpreende mais do que eu esperava, mas não entrega muito além disso. É um filme divertido, com uma história interessante e que referencia arcos clássicos do herói. Não tem grandes atuações do elenco, tem alguns personagens pouco trabalhados, mas é notável que o filme gerou muita intriga até entre os fãs, principalmente relacionado aos seus efeitos em CGI.


De verdade.. as falhas em efeitos especiais não me atrapalharam, e pra mim são totalmente aceitáveis. Até colabora para o tom quase caricato que o filme tenta propor em alguns momentos, que me gera admiração. Tem alguns casos no filme bem a la histórias de heróis clássicas, como salvar vários bebês de uma morte ao mesmo tempo. O filme tenta unir ação e humor, e consegue, a história é bem frenética e passa voando na tela, positivamente. O jeito do Flash correr pode incomodar alguns, mas pra mim só reforçou essa quase homenagem aos heróis nos quadrinhos e a como ele é retratado visualmente, tirando essas tentativas ridículas de tornar tudo o mais "real" possível.


Outro ponto altíssimo do filme são algumas surpresas, e claro que não vou comentar nenhuma delas, com exceção do Batman do Michael Keaton que todo mundo já sabe que estará lá. Sua presença como Batman é magnífica e aqueceu muito meu coração de fã de Batman dos anos 80/90. Próximo ao final temos homenagens épicas não só ao Flash, mas ao universo DC, extremamente louváveis, mas com uma falha brutal de marketing. Deixemos isso pra mais adiante.


Não sou um especialista em Flash, conheço muito mais do universo do Batman, por exemplo. Mas preciso dizer isso e não sei se tem outra forma.. o personagem do Flash é insuportável. É um personagem manhoso, irritante, imaturo, infantil, entre outros adjetivos. Juro que digo isso mas assisti de coração aberto. Ele me soa muito como alguns adolescentes que vejo por aí (sem ofensa aos adolescentes), e não há problema nisso pois a estratégia de venda está valendo, mas isso conflita fervorosamente com outras propostas do filme. Então ao meu ver os dois principais pontos negativos do filme são: o protagonista e a péssima estratégia de marketing.


E por que a estratégia é péssima? Porque apesar das surpresas e da presença do Keaton serem INCRÍVEIS, elas contrastam diretamente com o restante do filme. Enquanto as homenagens e surpresas são bem "de velha guarda", o filme em sua estrutura é bem jovem, atual e feito para atender aos fãs a la Marvel. O problema disso tudo? Muita gente na minha sessão nem entendeu quem eram as pessoas surpresas que aparecem, assim como seus contextos e o impacto de suas aparições. Filme certo feito para um público errado ou filme errado feito para o público certo?


Agora verdade seja dita: Flash não é o terror que estão vendendo por aí. O filme é divertido, tem excelentes cenas de ação, mas sim, não tem nada de inovador. O fan service, por mais que pra mim tenha sido muito prazeroso e super inesperado, não salva o filme de um roteiro mediano. Por outro lado, o que o filme tem de humor pastelão compensa com cenas realmente dramáticas e emocionantes. Bem dosado, um bom filme.


E o nosso arqueólogo mais amado do cinema? Indiana Jones está de volta em seu quinto filme que, assim como em muitas sagas, desafia conclusões que já estavam bem feitas. Indiana Jones e o Chamado do Destino traz Harrison Ford à ativa novamente, junto à BRILHANTE Phoebe Waller-Bridge (se você não conhece essa atriz, pelamor, assista a série Fleabag e veja como ela é incrível). Sou um grande admirador da quadrilogia de Indiana Jones (inclusive, os filmes que os fãs mais detestam, o segundo e o quarto, são meus favoritos), porém o quinto filme destoa do que conhecemos desse personagem tão querido, resultando muito mais num filme de ação pura do que num filme do Indiana.


Assim como falamos de Flash, o filme está longe de ser ruim! Tem cenas de ação muito boas, e uma tecnologia incrível de rejuvenescimento do ator principal para trazer cenas de Indiana Jones no passado. Phoebe trabalha muito bem e dá muita energia à sua personagem, e Harrison entrega na medida do limite do roteiro, mas faz um bom trabalho. Temos várias cenas de perseguição interessantes (algumas em excesso), e um final que chuta o balde das impossibilidades, mas de um jeito épico! Por outro lado, a tão falada "despedida" parece muito mais um até logo (de novo). Não vão largar o osso, né?


Algo bacana é que o filme respeita muito a condição atual de Harrison Ford, não tendo cenas loroteiras ao excesso com Indiana Jones. Por outro lado, esse também é o principal defeito do longa.. cadê o tom "Indiana Jones" dos outros filmes da saga? É um filme de caça de gato e rato em que os "vilões" sempre alcançam os heróis e sempre conseguem o que querem. Além disso, é uma história que vendeu muito em cima de uma "conclusão" pro nosso herói, mas que em sua essência é uma história completamente descartável. Se ela não existisse, nada seria alterado.


Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal é amplamente criticado até hoje, mas é inegável que foi um filme que trouxe muitas referências aos filmes anteriores, nostalgia, ação bem feita, uma vilã bem construída, propostas diferentes, e o filme atual só fica com a ação bem feita. É como um filme de 007 com umas pitadas de humor.


Se por um lado essa sequência ter um tom mais independente é positivo por arriscar oferecer uma história descolada das anteriores, ela falha justamente nessa proposta em... adivinha? Marketing! Filme prometendo nostalgia, despedida e homenagens.. sem nada disso. Proposta nova, história nova, sem peso. Se esse filme não tivesse nada a ver com Indiana Jones, ainda teríamos uma história, mas uma história medíocre.


Veja como o cinema cruza esses universos! Filmes completamente diferentes, histórias diferentes, propostas diferentes, que falham no mesmo ponto: desencontro entre o que querem propor e a realidade do mercado. Concordo que os filmes não tem que seguir o mercado, arte é arte. Mas duvido que a Disney e a DC pensem dessa forma, e o resultado será um fracasso significativo. Bons filmes, bem feitos, que se cruzam em erros de imagem vendida e o conflito de gerações. Que tal pensarmos em novos heróis para nossas telas? Talvez algum que não esteja em HQ ou que não tenha 5 filmes em sua saga. Na grande indústria do cinema, o investimento só vai para o que é "certeiro", e o que acontece quando essa aposta falha?



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