Os Spielbergs seria o nome mais realista para o filme biográfico do diretor Steven Spielberg, que escreve a história contando sobre sua infância e adolescência, assim como os principais eventos da sua vida influenciaram sua carreira e presença no cinema.
Quem nunca se emocionou com E.T. que atire a primeira pedra! Fraco? Duvido A.I. - Inteligência Artificial não arrancar uma lágrima de você (já me arrancou várias). São várias as obras famosíssimas e fabulosas escritas ou simplesmente dirigidas por Steven Spielberg, tornando-o um dos diretores mais notáveis da atualidade. Minha preferida, é claro, é Jurassic Park. Fui resistente assistir Os Fabelmans, com medo de que ele pudesse florear demais a própria história (como a maioria dos artistas que escrevem a própria biografia o fazem). Mas não. Spielberg se preocupa em demonstrar como observa a vida e como as mudanças da vida o impactaram para criar cenas emocionantes, engraçadas e filmes inesquecíveis.
Os Fabelmans é um drama familiar que traz o conjunto de impressões humanas necessário para o impacto realista. Risada, choro e desespero, tudo isso será encontrado nessa história que, apesar do tom real, tem seus momentos mágicos. As descobertas do protagonista em relação à imagem, ao movimento, às posições de câmera, são lindas de ver. Além disso, o filme une vários recortes de gravação feitas pelo jovem enquanto aprendia, ou seja, é visualizada sua evolução ao longo do tempo, tanto com relação a recursos quanto a técnica.
Nosso protagonista de um roteiro muito bem alinhado, o jovem Gabriel LaBelle traz toda a emoção em cenas que vão desde medo e alegrias até raiva. Apesar da boa performance, Michelle Williams é um personagem de muito destaque e talvez a que mais traga reflexões como sua mãe com atitudes instáveis. Não menos importante, Paul Dano traz brilhantemente sua feição de "bom moço americano" como um pai de atitudes passivas e uma forte esperança de que as coisas funcionem em sua família. Além dos principais, os coadjuvantes complementam muito bem o time, realmente uma seleção de peso.
A trilha sonora com base clássica claramente tinha que ser feita pelo parceiro de longa data, John Williams. Sua maneira só aumenta os tons dramáticos que o filme precisa pra ser forte. A fotografia tem aquele tom embaçado, quase borrado, como se estivéssemos assistindo vídeos do passado.
É um filme extremamente pessoal, pois retrata a história do próprio diretor, mas que não deixa de ressaltar todos os problemas que aconteceram. O protagonista acaba por perceber que, por meio da arte que expressa viriam grandes poderes e existe a dúvida sobre as responsabilidades, que com determinadas decisões poderiam até dividir sua família. É a briga entre escolhas provocadas pelo egoísmo artístico ou o dever familiar.
Me peguei rindo, aflito e até lacrimejando. Não somente eu, pois a sessão estava cheia! É, com certeza, um filme pra assistir nos cinemas e sentir tudo junto com o público, sentir a "emoção popular". Sobretudo, um filme sobre cinema demonstrando o porque de o cinema ainda não ter morrido. Numa época onde as bilheterias mais altas vão para seres humanoides usando capas que salvam o universo, é a história de um jovem talentoso com uma câmera na mão e os conflitos da sua família que mexem com nosso coração. Assistam, sintam e desfrutem. Spielberg conseguiu mais uma vez. Os Fabelmans mostra como enxergar a vida, não como um sonho, mas como um filme.
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