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LUZ, CÂMERA, OSSOS - NÃO! NÃO OLHE!, SERIA ESSE UM AVISO ATRAVÉS DO TÍTULO "TRADUZIDO"?

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História inova sobre proposta de alienígenas, mas não sustenta sua justificativa.


Jordan Peele cada vez mais se consolida no mercado do cinema e frequentemente unindo imagens a conceitos, nem sempre de forma 100% direta, e isso é ótimo. Ter um diretor menos óbvio é um bom sinal de que ainda existe originalidade e fuga da obviedade. Prova disso foram os ótimos trabalhos "Corra!" e, o meu queridinho, "Nós", ambos com muito suspense e um terror psicológico e conceitual. Entretanto, "Não! Não olhe!" (esse título traduzido ficou bem forçado.. ou seria só um aviso pelos tradutores brasileiros?) é um filme de rumos incertos, com pontos altos e baixos, mas sobretudo com falta de conexão.


Daniel Kaluuya e Keke Palmer são ótimos no elenco, mas seus personagens não mostram o suficiente pra que consigamos formar a empatia e nos colocar no lugar deles nos conflitos da história. Qualquer momento tenso é provocado e responsabilizado totalmente pela força "alienígena" externa. Rostinhos com medo não necessariamente provocam o mesmo efeito.


A história em si é interessante. Não é confusa, e ocorre em dois sentidos, uma voltada para o passado e mais centrada no personagem do ótimo Steven Yeun, e outra no presente onde eventos estranhos começam a acontecer. Temos cenas incríveis de tensão, sobretudo na casa principal, e nessa história do passado. O posicionamento de câmera e montagem fazem um excelente trabalho, utilizando o sangue de várias maneiras ótimas, seja escorrendo pelas janelas ou deixando marcas em portas, parecendo uma homenagem a clássicos de terror. O diretor também faz algumas pegadinhas, onde o medo é provocado deixando tudo evidente, quando na verdade não é o que parece. O evento misterioso tem uma proposta que, ao menos que eu me lembre, nunca vi nos filmes. É uma maneira diferente de tratar os alienígenas, que obviamente não irei abordar para não trazer spoilers. Não é a maneira mais glamourosa, mas é diferente, e tenta traçar um paralelo entre predação e as relações de controle dos humanos sobre os eventos que os rodeiam. O filme também foca em várias críticas, seja pela presença dos negros na indústria do cinema ou a necessidade dos humanos em registrar tudo em suas câmeras/celulares. Não importa que isso possa tirar a vida, contanto que seja "registrado".


A fotografia é bem feita, com paisagens longas e belas, mas ao meu ver não justifica o Imax ou uma sala diferente como uma Macro. Trilha sonora bacana, sem muitas surpresas. O real destaque técnico fica mesmo para a montagem e os ângulos de câmera excelentes para provocar a tensão e acompanhar as cenas de ação.


Tudo corre bem, mas.. não tão bem assim. O filme demora bastante pra engatar e os primeiros eventos começarem a aparecer. O foco inicial é na história do passado, e apesar de tentar formar uma analogia entre passado e presente, não acho que isso seja o suficiente. A primeira história é bem impactante, praticamente traumática para um dos personagens, mas a justificativa dessa história existir no filme é quase como somente para projetar as ações desse personagem no futuro, sem relaciona-las diretamente. É muito vazio, porque o personagem em questão não é tão valorizado e seus impactos não são tão significativos para a história. O resultado acaba sendo mais imagem e menos mensagem.


Caminhando para o final do filme, as cenas de ação ganham mais destaque em sequências bem desenhadas. Sempre que algo parece que vai funcionar.. não funciona, e essa é a grande graça das sequências que rumam para a conclusão. Porém.. a conclusão também é de pouco impacto. Na sala de cinema em que eu estava, conseguia ouvir os "risos de indignação".


Com certeza, não é um filme para o grande público, e por isso acredito que a bilheteria será baixa. É um filme que precisa ser pensado e que o telespectador tenha a preocupação de unir os eventos em tela. Apesar disso, pra quem faz esse exercício, não é tão recompensador como ocorre em filmes passados do diretor. "Nós!" também não trabalha com obviedades, mas tem um impacto visual e reflexivo muito maior. Na indústria cinematográfica, quanto maior o evento, maiores as expectativas, principalmente lidando com um tema que já foi tão trabalhado como eventos extraterrestres. Não é um filme ruim, mas não sinto vontade de ver novamente tão em breve. Proposta excelente e resultado razoável.




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