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ESCRITA RUPESTRE - MADONNA 60 ANOS: SEM PUDORES, ASSIM COMO A BIOGRAFADA

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Se você detesta Madonna, é apaixonado por ela ou sempre teve a curiosidade de saber quem ela é e por que todos falam dela, mesmo aos seus 64 anos de idade, você precisa ler essa biografia autorizada. Aqui a história de Madonna Ciccone é dissecada, desde sua infância com a trágica morte da sua mãe, passando detalhadamente por todos os álbuns de estúdio, até sua mudança para Portugal, onde seria a origem de produção de seu álbum mais recente, Madame X.


Nessa semana, Madonna fez um anúncio muito esperado pelos fãs: uma turnê em celebração aos seus 40 anos de carreira, a The Celebration Tour. Sim, 40 anos de uma carreira que inclui álbuns de estúdio, Broadway, atuação em filmes, direção de filmes, videoclipes visionários, roupas icônicas e muita, muita, muita polêmica. Lucy O'Brien, a escritora e jornalista britânica, lançou Madonna 50 Anos em 2008, e 10 anos depois lançou essa versão, Madonna 60 Anos, contendo as loucuras dos 10 anos adicionais. Nesse livro, Lucy retrata toda a história da vida pessoal de Madonna, assim como de sua carreira. Parece inacreditável alguém sobreviver 40 anos nessa indústria, e ainda ter 64 anos de idade, ainda mais sendo uma mulher, algo que Madonna reforçou em seu discurso ao ser eleita mulher do ano pela Billboard em 2016, "Eu acho que a coisa mais controversa que eu já fiz foi ficar aqui".


De fato. Lucy consegue mostrar que a história de Madonna está longe de ser constante e tranquila. Houveram vários momentos que a performer quase faliu, o maior deles talvez sendo o lançamento do seu álbum mais polêmico, Erotica, acompanhado de um dos livros mais famosos e proibidões desse mundo, Sex, que foi relançado em pouquíssimas unidades esse ano. Mas não só por sexo Madonna apanhou, mas também por política, como em seu álbum fracasso de vendas (mas super amado e valorizado hoje em dia), American Life, criticando o estilo de vida norte-americano e as guerras incentivadas na época. Ela, que começou com um sonho de ser uma estrela com hits repetitivos e festeiros, como "Lucky Star" e "Everybody", desde o início sofreu resistência, mas aos poucos mostrou que veio pra ficar.


Caminhando pela sua carreira musical, assim como a volatilidade das vendas, Madonna caminha lado a lado com a versatilidade em sua arte. Uma carinhosa revisão da sua discografia por um fã que vos escreve:


Seus álbuns de estreia alavancaram vendas, com o festeiro e irregular Madonna, o polêmico, sensual e melhor produzido Like a Virgin, e o cume do sucesso de vendas, True Blue. E aí, é claro que ela acordou. Se Madonna era conhecida por polêmicas ao estilo "mostrar a calcinha na MTV", tudo iria triplicar de perigo em Like A Prayer, um álbum que festejava a liberdade e ao mesmo tempo trazia os sentimentos obscuros de Madonna a tona. O clipe de Like A Prayer foi intensamente proibido, e até hoje é um grande clássico POP. Ruim pra quem não gosta, melhor pra quem gosta, pois a turnê de divulgação, Blond Ambition World Tour, foi estrondosa e é reconhecida até hoje como uma das maiores turnês da música.


Não satisfeita, Madonna entendia que se existia hora para arriscar, era aquela. Erotica foi lançado, junto ao estrondoso lançamento do livro fotográfico Sex, e mudaria os rumos da carreira de Madonna para sempre. Seu álbum seguinte, Bedtime Stories, foi tremendamente injustiçado, e até hoje sua produção invejável é quase ignorada, se tornando um álbum cult entre os fãs. Ray of Light é o álbum de amadurecimento de Madonna, o retorno triunfal com suas letras sinceras e produção de ponta renderam a Madonna seu primeiro prêmio Grammy. Depois dele, o mais dançante e poderoso Music. Juntos, formaram uma turnê adulta, Drowned World Tour mais uma vez arrancou muito dinheiro dos fãs pelo mundo.


Era a vez de uma Madonna 100x mais posicionada, American Life é outro cult de sua carreira, muito odiado no lançamento, principalmente, é claro, pelo seu público norte-americano. Mais uma vez, Madonna reacendeu com um dos seus álbuns mais memoráveis e ode às cantoras disco: Confessions on a Dance Floor (acredite se quiser, antes de Dua Lipa e Beyoncé, Madonna já tinha trazido a música disco de volta).


Hard Candy, MDNA e Rebel Heart são considerados os "patinhos feios" da carreira, muito disso se deve ao fato de aqui Madonna não inovar como nos álbuns anteriores, mas tomando uma postura que a manteve entre o público mais jovem e junto ao mercado, algo que parcialmente aconteceria no mais recente Madame X, que ao mesmo tempo que retorna o tom de crítica política de American Life, flerta com ritmos mais recentes, como o reggaeton.


Ok, chega de ser um fã falando de álbuns! O mais legal é que Lucy traz uma riqueza de descrição dos bastidores de cada um desses que eu citei, e muito mais! O que motivou suas composições, como encontrou os produtores e muito mais, nisso incluso os conceitos de cada época, porque com Madonna nada é feito em vão.


Não só de álbuns musicais vive uma artista. Lucy fala sobre todo o seu histórico não tão rentável no cinema, assim como sua força ativista, que existe até hoje em fundações no Malawi, por exemplo. As polêmicas adoções feitas, os casamentos e divórcios, e até mesmo as brigas de família são citadas nesse livro.


Ok. Por que raios eu deveria saber quantos filhos Madonna tem e quantos maridos ela teve? Justamente porque parece que, ao falar de artistas femininas, esses são os pontos mais importantes, e Madonna sempre fez questão de mostrar que sua arte estava a frente disso tudo. O livro justamente não poupa críticas, trazendo seus sucessos e a sujeira de seus fracassos e de algumas posturas imaturas. Mostra Madonna como um ser humano, lotada de defeitos, mas cheia de muito para oferecer.


Quando você vê Anitta rebolando no seu celular, ou Beyoncé poderosíssima no palco com atitude, isso é um produto de muito do que Madonna passou no passado. Erotica, um álbum cheio de dor e sensualidade, trouxe discussões pertinentes sobre a AIDS e sobre como encarávamos o nosso corpo, sem o romantismo de "se ame porque você é perfeito", mas sim "se ame porque é delicioso". Madonna sempre teve a ousadia de colocar em pauta aquilo que as pessoas não queriam ver e que não queriam ouvir. Conseguiu dinheiro através disso? Merecido, não?


Pois é, não teria como eu elogiar o livro sem usar a própria história e discografia da Madonna como defesa. Esse é um livro sobre uma empreendedora e pioneira em muitas coisas que se propôs. Mesmo aos 64 anos, Madonna continua fora da linha, fazendo o que bem entende (mesmo que isso signifique vídeos ridículos no Instagram), ela é livre. Me inspiro ao ler a biografia de alguém que derrapou muito em suas escolhas, mas que, sempre que caiu, se levantou vorazmente.


Não tenho medo de dizer que as pessoas não irão amar Madonna por ser uma excelente cantora, pois ela não é. Pior ainda sendo atriz. A arte principal de Madonna, conforme demonstrado por Lucy O'Brien, é se reinventar, sobreviver e lutar pelo que acredita, seja política ou só dizer quem você ama. Vale a pena conferir esse livro e se encantar com a carreira instável e deliciosamente provocante de Madonna. Se você curte história da música, música pop ou artistas que influenciaram décadas, você precisa ler. Lucy fala sobre a beleza e opulência da fama, tão desejados por Madonna, e quão caro é o preço desse "prêmio".


Como é mostrado nos telões gigantescos ao final da The Re-invention Tour, "Reinvent Yourself", todos os dias! Desde minha adolescência, é a mensagem mais importante que Madonna me ensinou e que tento levar para os meus dias sem fama. E você, já se reinventou hoje?



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