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DINO GAMES - GOD OF WAR RAGNARÖK: FIM DO MUNDO OU FIM DE UMA ERA? (SEM SPOILERS)

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Lembro que um tempo atrás fiz a publicação da minha resenha crítica e impressões sobre God of War, de 2018, onde afirmei que não jogaria o novo lançamento tão em breve. Felizmente, parcelando em 740 vezes devido ao meu amor pela franquia, consegui adquirir o game (na edição de lançamento, olhem isso, haters). Não vou fazer os elogios do pessoal que já tem o PS5, pois aqui vou retratar minha experiência no meu amado PS4 Slim. Porém, nem toda a minha admiração pela franquia e pela Santa Mônica salvará esse projeto das minhas críticas sinceras, he he he he.


Já vou avisando, é MUITO complicado falar sobre impressões desse game sem citar spoilers. Então, esse texto não terá nenhum spoiler, mas haverá um exclusivo para isso!


Começando do começo: sim, God of War Ragnarök é toda a beleza gráfica que esperávamos. O jogo segue a linha de arte deslumbrante de seu antecessor e apresenta mundos novos que ainda não conhecíamos, assim como mundos anteriores com estética modificada. Tudo muito detalhado com muito carinho, a arte nórdica não enjoa, pois os eventos da história modificaram ambientes que conhecíamos e liberaram ambientes novos cheios de desafios, como Svartalfheim, Valheim e Muspelheim (agora com foco primário, ao invés somente dos desafios secundários). Finalmente temos os 9 reinos e lugares secretos dentro dos mesmos que nos trazem várias revelações. E falando de ambientes, temos uma novidade tanto para a exploração quanto para o gameplay: verticalidade. SIM! É muito bacana conseguir fazer o combate entre plataformas e encarar os inimigos de maneiras novas.


Além da ambientação, nossos personagens permanecem em alta qualidade visual, assim como os vários novos personagens que temos. Curiosamente, o jogo continua a tentar não seguir uma linha óbvia. Odin e Thor, meus novos preferidos, por exemplo, são tudo o que o público não espera, vide principalmente as representações mais modernas desses deuses (né, Dona Marvel), e isso é primordial para a originalidade.


Houveram também várias mudanças nas interfaces principais, no que condiz a evolução de armamento e armaduras, objetivos, compêndio, mapa, etc. As mudanças são bem vindas e trouxeram mais clareza, mas pra mim a interface anterior já era satisfatória. Os diversos puzzles espalhados pelo mapa também alternaram com novas formas de abrir os tão almejados baús com recursos e benefícios.


Ainda na parte técnica, a trilha sonora segue maravilhosa! O ar épico com certeza se deve a esse cuidado de mistura de sons que alternam entre suspense, aventura e muito drama, afinal, estamos falando de um jogo que foca muito no emocional dos personagens. A gameplay ficou show com a verticalidade, mas não inova. Com exceção da possibilidade de jogar com outros personagens mantendo suas habilidades principais (a cara dos jogos da Lego), não tem muita novidade não. Não vou entrar no mérito de frames por segundo e da "leveza" e "fluidez" que tudo isso proporciona, porque sinceramente... se o jogo não for bom, isso não me importa. :)


Achou que eu não ia falar dos bugs, Sra. Santa Monica? Sim, apesar da impecabilidade técnica, tive bugs nesse jogo durante minha experiência. Tendo jogado muito perto do lançamento, cheguei a pegar um grande patch de atualização que melhorou algumas coisas, massssss.... pra mim, se o jogo é de um estúdio que já ganhou GOTY e custa mais de R$100, tem que chegar impecável desde o lançamento. Não tem essa de "vamos atualizando". Lembrem que Cyberpunk está "atualizando" até hoje e vejam quanto prejuízo isso gerou. Percebi durante a jogada muitos inimigos invisíveis que só apareciam depois de me bater, além de um bug incrível que inclui bater infinitamente num boss sem sua barra de energia diminuir. Também senti um pouco de falta de refinamento em algumas partículas e em como algumas ações acontecem. É muito estranho "cortar" o inimigo ao meio e ver seu pedaço atravessando nosso corpo. Sim, aqui estou olhando os detalhes, mas tudo isso é a expectativa de um jogo muito grande de um estúdio muito poderoso.


Passamos a parte técnica e o que nos resta é o mais importante: A HISTÓRIA! Muito se supôs após o final do último game e de sua cena secreta enigmática envolvendo um possível Thor. Além disso, a história e o destino de Atreus eram alvo de muita expectativa para o que o Ragnarök poderia representar nessa situação toda. O objetivo aqui não é revisitar a história, mas descrever sobre como a experiência discorre com ela.


O primeiro ponto que você precisa saber, sem spoiler algum, é que os personagens que conhecíamos mudaram. Passaram-se alguns anos desde aquele desfecho, então é natural que estejam diferentes e com posturas diferentes. O grande ponto de God of War: Ragnarök é se essa "evolução" sentida pelos personagens não causa também uma descaracterização do que eles já foram. Algumas posições e escolhas podem causar um alvoroço, e sinto que tudo foi feito pra suavizar alguns efeitos e até abrir algumas portas pra outros personagens aparecerem mais. Algumas transformações são surpresas muito interessantes, e são retratadas com peso.


Os novos personagens são super legais, mas alguns não acrescentam absolutamente nada na jornada. Ignora-los ou não.. tanto faz. Alguns personagens novos aparecem em evidência em uma cena e depois simplesmente desaparecem na campanha, voltando apenas em missões secundárias, por exemplo. Outros novos acabam por traçar estereótipos de coisas que já vimos acontecer na franquia, então acabam sendo mais previsíveis do que deveriam. Junto a novos personagens não poderiam faltar novas criaturas, que têm um destaque esplêndido no jogo. A escala é um dos fatores mais legais com essas criaturas novas, sendo que algumas são gigantescas. Minhas batalhas de boss favoritas são as que geralmente meu personagem tinha uma escala minúscula frente à dele.


A jornada em si é bem amarrada e fica clara, mas tem algumas partes bem chatinhas. Diferente do primeiro jogo, onde havia uma jornada com objetivo simples e claro, aqui existe uma dúvida retumbante sobre eventos que vão ou não acontecer (mesmo que o evento esteja no título do jogo). Sério, eu jamais chamaria esse jogo de Ragnarök sabendo que esse evento seria tão duvidado durante a trama. Se o jogo tem esse nome e não houvesse um Ragnarök, de fato, milhares de fãs cairiam matando. Isso é bacana pra perceber como um título pode mudar várias impressões.


O fato de não ter um caminho claro faz com que, algumas vezes, o jogo possa aparentar estar enchendo linguiça na história (e talvez realmente tenha feito). Alguns núcleos de personagens são bem chatos. Vi bastante divisão de opinião quanto a algumas passagens justamente por essas "missões" dentro da missão principal. Uma coisa é inegável: é muito agradável a jogabilidade e a evolução dos personagens no quesito combate é muito clara. Então sim, por mais que algumas passagens sejam maçantes, executa-las é sempre um prazer porque é um encantamento visual unido à ótima jogabilidade.


Decisões. Os personagens e a campanha em si tomam alguns rumos que me desagradam, baseado no que aqueles personagens são e nas situações em que passaram, sendo decisões da direção do jogo (sim, chegamos ao ponto de discutir direção nos jogos atuais). Entendo que isso é de caráter muito pessoal, mas impacta na experiência de certa forma, pois algumas quebram uma lógica esperada. O que posso dizer sobre elas é: tem muita coisa boa também, e uma delas é uma MEGA reviravolta que eu não vou comentar. Estejam preparados.


Depois de uma jornada longa, maior do que a campanha do jogo anterior, temos um final que me soa acelerado e que, infelizmente, faltou capricho pra alimentar os anseios do "vilão final". Entretanto, sim, tem muita emoção e vários vídeos no youtube de marmanjo chorando com o que acontece. Hahahahaha


De modo geral, é um jogo que foca muito na parte emocional dos personagens, no seu amadurecimento e justamente no como eles tomaram decisões que impactaram outras pessoas à sua volta, muitas munidas de culpa. Não somente Kratos, mas cada um tem seu teto de vidro e está passando as consequências dessas escolhas. Kratos é um personagem com mudanças mais latentes e fáceis de visualizar, por acompanha-lo desde o primeiro God of War. Agradou? Desagradou? Notei que houve sim uma grande divisão de público, mas é um critério que envolve opinião (e se quiser ler as minhas, é só continuar na parte com spoiler), e aqui vamos falar dos fatos:


God of War Ragnarök não é um jogo perfeito, mas está acima de muitos padrões de jogos dessa indústria. Se preocupa em buscar profundidade, construir uma narrativa que prenda a atenção e ainda assim ter uma jogabilidade que preserve o que trouxe tanto sucesso ao jogo, unindo informações mitológicas, passagens emocionais e ação desenfreada, e nisso tem muito sucesso. O jogo chegou a me lembrar, de relance, uma dinâmica de The Last of Us Part II, onde você chega a questionar o "lado" em que seu personagem está e se existem, de fato, esses lados. Afinal, os deuses de God of War cada vez mais se mostram humanos, e solitários por não terem uma divindade para pedir por socorro. Mas vejam onde chegamos, de um jogo hack n' slash com protagonista sanguinário a uma análise de jogo que une ação, vislumbre visual e impacto emocional. Isso é evolução.


É um jogo tecnicamente impecável, com uma narrativa que prende o jogador, mas ao meu ver arrisca pouquíssimo e até volta atrás em passos dados anteriormente. Isso pode ter acontecido por vários motivos, mas principalmente pensando nas "sequências". Mesmo dessa forma, o final é sim emocionante e entrega um olhar de Kratos nunca abordado nos outros jogos. Porém, ao meu ver, o termo "God of War" acabou por aqui. Kratos já não é o que representava, e se isso foi uma escolha boa ou ruim, fica para a interpretação de cada um. Um jogaço, belíssimo, mas que peca em algumas escolhas. Isso não o desqualifica, mas não inovar nos dias de hoje pode ser o maior risco que esse jogo tomou, já sofrendo as consequências (cadê o GOTY, Santa Monica?). Ótimo game!




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