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DINO GAMES - GOD OF WAR: DA CARNIFICINA GREGA AO PESO DA FRATERNIDADE NÓRDICA

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Aguardando ansiosamente o lançamento de uma das histórias mais famosas do mundo dos games, God of War: Ragnarök, resolvi jogar novamente seu antecessor que repaginou Kratos e apresentou um novo contexto para sua vida de divindades e tragédias.


A trilogia God of War, originalmente com a mitologia grega, teve um impacto gigantesco no PlayStation 2, principalmente, levando o terceiro título para o PS3. O hack n' slash conquistou os jogadores pela beleza gráfica, história emocionante de ação desenfreada, vingança e muita muita muita muita violência. Outros derivados surgiram, mas uma coisa era certa: Kratos, nosso personagem principal, não retornaria após o terceiro game. Engano seu! Lembro do meu espanto quando vi o primeiro teaser de God of War, que seria lançado em 2018, uma segunda era nascendo 8 anos após o terceiro título da franquia. Espantoso. O salto gráfico e a ideia de que todos fomos enganados com aquele final foi ensurdecedor. O estúdio Santa Monica estava de volta com o título tão amado, como uma forma de renascimento, agora na mitologia nórdica.


Nunca jogou God of War no Play 2 ou Play 3? Resumo rápido para quem tem pressa: Kratos, nosso espartano e personagem principal, era um guerreiro impiedoso guiado por Ares, o deus da guerra, e por sua benevolência vendeu sua alma para que pudesse vencer os embates da guerra. Matou milhares de homens, assim como.. sua família. E por isso, seu desejo de vingança nasceu e envolveu vários outros deuses gregos, assim como as criaturas encontradas pelo caminho. Ao caminho, Kratos se tornou o próprio deus da guerra, e teve como objetivo aniquilar TODOS os deuses gregos. Com Kratos não tem papinho, é agressividade, imaturidade, loucura, insanidade. Muita porrada distribuída pelas suas armas amaldiçoadas, as eternas lâminas do caos. Joguei o primeiro e o segundo game várias vezes, e God of War II continua sendo um dos meus jogos favoritos de todos os tempos. God of War III (2010) é mais exagerado, apelão e apegado ao visual. Dos 3 jogos, o terceiro é o mais maçante, e com um final, de certa forma, previsível. Kratos é IMBATÍVEL, até mesmo para si mesmo, o que dá caminhos para o próximo game. Kratos se torna um "ser" guiado pela vingança, apenas, o que é difícil de gerar qualquer outra conexão com seu personagem.


God of War (2018) me apresentou o PS4, veio junto com o console e escolhi esse período de forma proposital, queria sentir o que haviam tramado para esse Kratos mais envelhecido. Não vi nenhum spoiler na época, gameplay, nada, só confiando na qualidade do estúdio. Houveram sustos, mas não arrependimento. O novo jogo era muito diferente do que a trilogia anterior trouxe, com uma pegada cinematográfica, em plano sequência, e muito drama emocional.


A graça da proposta está em, justamente, sermos pegos de surpresa. Kratos já aparece encaminhando um tipo de velório, sem as lâminas do caos, e com um filho: Atreus, em um mundo nórdico. As explicações não vem de cara, são oferecidas ao longo do jogo, e quem nunca jogou os anteriores tem uma experiência ainda melhor, pois podem se colocar na pele de seu filho, Atreus. A jornada do game é clara, e muito simples: o objetivo é levar as cinzas de sua falecida esposa para o monte mais alto dos nove reinos, em Jötunheim. Obviamente, nada é tão fácil, e descobre-se que esse objetivo tem muito mais a revelar sobre o passado e o futuro.


Kratos é um personagem mais amadurecido, ferido pelas suas escolhas de vingança no passado, mas que tem que conviver com outro poder em potencial: seu próprio filho. Kratos enxerga em Atreus aquilo que já foi em vários momentos, e devido às suas ações, também visualiza que talvez não possa controla-lo como gostaria.


Assim como a história não é entregue de bandeja, os personagens também não são. Demora até sermos oficialmente apresentados a eles, que no futuro se apresentam como deuses, filhos de deuses e por aí vai, e que podem ser apenas andarilhos ou "estranhos violentos" nesse caminho. O novo hall de criaturas míticas é gigante e muito bem desenvolvido.


Quanto à jogabilidade, existe muita liberdade de movimentação comparado aos antigos, desde câmera até maior quantidade de golpes e uma progressão transparente de como podemos avançar com o personagem, desde adquirir novas habilidades até armaduras com runas que ofereçam proteção e poder. Ao longo da jornada, puzzles também são oferecidos, assim como desafios contra o tempo e contra inimigos fortemente armados.


Os cenários são simplesmente deslumbrantes, e variam de um cadáver de gigante até cada um dos reinos em que temos acesso, com características próprias. O clima nórdico/celta contrasta muito ao que conhecemos de God of War do passado, e é imersivo em deixar explorar esse mundo, mesmo sendo um "mundo aberto" limitado. Esse jogo se guia pela sua campanha, e a exploração só oferece mais recursos, valiosos, ou a locais com muitos desafios.


Além de todas essas maravilhas, God of War tem uma trilha sonora marcante. Assim como o game em si, ela retrabalha algumas canções dos jogos anteriores dando uma nova roupagem, e cria ambientações novas que colaboram muito na atmosfera épica.


O ponto chave de God of War está na emoção. A carga emocional de fraternidade de Kratos e dos seus fantasmas do passado fazem ser uma aventura dramática e densa, mesmo que cheia de ação. Mesmo os "vilões" da história acabam sendo um espelho do que Kratos já foi ou do que já enfrentou, tendo que resolver essas conflitos com a presença de seu filho, exigindo muita responsabilidade, já que o mesmo apresenta um potencial desenfreado.


É difícil comparar a qualidade da era grega com a era nórdica, já que são tempos de produção muito diferentes. Sem dúvida, os games atuais não teriam esse impacto sem o plano de fundo do que ocorreu na primeira trilogia. É inegável que God of War é uma mega produção, muito dedicada em detalhes e com uma história incrível. Unir a impecabilidade visual com uma história à altura é para poucos, e muito raro de encontrar no mundo dos games. A esperança atual é de que God of War: Ragnarök, em 09/11 proceda com brilhantismo o que foi construído até agora. Me falta o dinheiro para adquirir no lançamento, mas seguirei firme sem assistir nenhuma gameplay, querendo preservar uma das coisas que o jogo me ensinou: experiência. Aqui temos atuação, deslumbramento e um enredo forte resumido na responsabilidade e maturidade de ser um deus.





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